O assunto pirataria tem sido colocado em pauta no meio evangélico. Meu objetivo não é julgar ninguém, mas desafiar muitos de nós a pensarmos sobre as transformações que estão ocorrendo a nossa volta. Então decidi elaborar uma série de 3 posts sobre o assunto. No primeiro, vamos fazer um review histórico.
Parte 1: Review histórico
Parte 1: Review histórico
Até a primeira metade da década de 90, a maioria absoluta das igrejas tinha um louvor muito simples, se comparado ao atual: muito menos equipamentos disponíveis, menor diversidade de louvores, ritmos e cantores. Mesmo assim, a obra sempre foi feita com muito amor e vontade pelos irmãos.
O fato é que cedo ou tarde a globalização musical afetaria a forma como louvávamos, e seria preciso decidir que caminho tomar. A medida com que a guitarra, o baixo e a bateria eram introduzidos no louvor congregacional, muitas reações contra surgiram, inclusive com alegações do tipo: “Deus não aprova isso.” Mas graças a Deus que houve o entendimento de que nosso Deus é criador da música, e esta com toda sua diversidade de sons e ritmos foi criada para seu louvor, a nós apenas cabe louvá-lo com todo nosso fôlego, afinal nossa eternidade é destinada a louvá-lo na glória.
Então, de forma discreta e progressiva, aqueles que louvavam com canções da harpa e hinos de autores desconhecidos, sentiram-se motivados a também produzir novas canções de louvor. Com isso, nasciam novos ministérios de louvor em nosso país, e a produção se diversificava. Isso é muito saudável, pois como está escrito na palavra, nosso amor pelo Senhor nos traz um novo cântico aos lábios. Em menos de uma década, o volume de louvores produzidos dentro do Brasil cresceu de forma exponencial. Sei que muitos de nossos irmãos vieram a Cristo porque foram tocados por louvores, onde puderam ouvir a voz do Senhor, e isto é maravilhoso: não produzimos música, mas cantamos a palavra viva e eficaz de Jesus.
Até este momento, a indústria fonográfica (secular e cristã) era dominada por grandes gravadoras, detentoras da maior parte do lucro de vendas; ainda era um desafio para um ministério gravar um cd sem muitos recursos financeiros.
Após a virada do milênio, a expansão da internet e das tecnologias relacionadas à computação e ao áudio mudaram drasticamente a produção e a comercialização da música. Entre os pontos fortes, foi o surgimento de um novo padrão de armazenamento de músicas, o mp3, que possibilitou a compactação necessária para que pudéssemos transportar grande quantidade de música em computadores e posteriormente em nossos mp3 players. Em paralelo, a arte de gravação era democratizada através de novos, amigáveis e mais baratos softwares para gravação de músicas. Aos poucos, muitas bandas viram na gravação independente das grandes gravadoras uma alternativa. As conseqüências disso: preço mais acessível para o consumidor final, e grande protesto das grandes gravadoras, que viam sua mina de ouro diminuindo.
Internet: o divisor de águas
Assim como a internet ameaçou a indústria fonográfica, algo semelhante ocorreu com o surgimento do Xérox e sua ameaça as editoras de livros. Na época, cogitava-se que o uso indiscriminado do xérox levaria ao fim as editoras. Contudo, o que se verificou foi que o xérox não absorveu todo o mercado dos livros, e serviu para disseminação das boas obras e autores. O mercado tornou-se ainda mais competitivo e muitos leitores das obras a que tiveram um primeiro contato através de um trecho pelo xérox acabaram por adquirir originais posteriormente.
Com a internet, uma rede destinada ao compartilhamento de todo tipo de dados, se tornou acessível aos brasileiros uma grande “utilidade”: o compartilhamento de músicas. Músicas de todos os cantos do mundo a um click. Como é impossível impedir a cópia e compartilhamento de arquivos, sejam eles músicas ou documentos digitais, se qualquer pessoa poderia ter acesso a um material sem pagar por ele? Aí vem a questão maior: isto é certo para um cristão?
Antes de dar minha resposta a questão, quero contar minha experiência pessoal. Quando comecei a ter contato com a internet, logo desejei procurar conhecer novos louvores, saber o que nossos irmãos cantam em outras partes do mundo. Até então, tinha tido contato com meia dúzia de cds emprestados que tinham canções que soavam bem diferentes aos meus ouvidos, com ritmos e letras curiosas, mas que me cativaram. Achei um site que disponibilizava músicas de artistas cristãos para download, e achei curioso o “slogan” do site: “Refresh”. Em bom português, a mensagem era de que seus idealizadores desejavam que novas pessoas pudessem conhecer novos artistas cristãos, novos louvores e com isso ser edificadas. Como conseqüência natural, você acabaria abençoando seus novos artistas favoritos comprando seus cds posteriormente. Eu achei fantástico, porque eu fui edificado com aquele material!
De repente, estava ouvindo louvores inspiradores, ritmos que são meus preferidos, e que se não fosse dessa forma, NUNCA teria tido acesso! Por que NUNCA?
Segue no próximo post...
Confira os outros posts da série sobre Pirataria e música Gospel:
Parte 2: Por que a venda de CDs e DVDs gospel no Brasil é dificultada?
Parte 3: Reflexões sobre a internet e a comercialização de música cristã
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